cartas para não ler, para não rasgar

Começo aqui com frases do livro "Minhas Queridas" de Clarice Lispector, onde tem cartas dela trocadas com suas irmãs, livro que ganhei do meu querido amigo e colega Roberto, ou Roba de amigo secreto do Natal de dois anos atrás. Selecionei a seguinte carta: 

"Há pessoas que, quebradas de seu orgulho, nada mais têm. Eu sou horrivelmente difícil de se viver com. Mas não é por culpa minha, acredite. Eu bem que me controlo, mas sou tão sensível. A vida é longa… um pouco de solidão me fará bem. "

Eu, Nik, às vezes fico confusa sobre ser ou não difícil de viver. Meu ex namorado deve me achar horrivelmente e insuportavelmente horrível de viver, eu realmente fui no finalzinho com ele. Não consigo atuar na vida real. Sou tão transparente que às vezes dói e magoa as pessoas. Eu sei, e não consigo me segurar. Ainda e sempre! Fujo quando estou mal. Gosto da solidão, às vezes. Para criar, para dormir, ler, sentar, pensar bobagem… gosto mesmo da solidão!
O fato é que as pessoas não conseguem entender que, mesmo eu gostando de estar sozinha, de estar sem ninguém, isso não significa que eu não ame as pessoas.
Mas se eu fosse me modificar, não me transformaria numa mulher normal. Não mesmo! Sei que passo longe das mulheres normais. Ser mulher já é tão difícil. Talvez eu apenas me armasse menos: ando sempre munida de ideias, pensamentos nem sempre nobres, bobagens, tom sobre tom… iria querer ser mais sóbria de bons pensamentos.
Ando me reencontrando. Aos poucos!
Voltando a ser a Nik de sempre. A não estressada, a que acredita que tudo sempre dá certo no final, a divertida, a guerreira, a forte super fraca, a doida, a criativa, a pervetida.
Quando me acomete alguma dor, dor de espírito, me refugio em casa, choro, depois me olho no espelho para ver o rosto vermelho e começo a rir da minha própria dor. Insignificante!
Tenho sempre sonhos reveladores... me guio por eles. Presto atenção. Minha intuição agora está aguçada. Necessito voltar ao palco com algo que me faça mudar, crescer, revolucionar, transmutar… Anseios…
Pegando o gancho da Clarice lá em cima, se fosse trocar cartas com meus irmãos, acho que não daria um livro, falo pouco com eles, sinto que me jogaram de pára-quedas lá na minha família. Amo meus pais, como nunca amarei meus irmãos, como nunca me importaria com meus irmãos.
Mas é que prefiro ficar afastada. É meu jeito de amar: de longe…
Meu ex namorado simplesmente não suportou esse meu jeito e bem, não é difícil saber o fim. De tanto as pessoas me dizerem que sou insensível, e rude, acabo me tornando sensível a esse tipo de insulto. Não necessariamente como insulto, talvez apenas como características da minha gama de defeitos que, desculpem, eu não vou mudar. Sinto muito, mas eu me orgulho de mim mesma ainda assim!
Continuo levando! 
Tenho o guri dos meus sonhos, e que não preciso necessariamente namorar para saber que o amo. Nem sei se o amo assim, desse jeito que seria o normal de amar. Por que não me faz diferença se nossos corpos se tocam ou não. Já disse mil vezes que tenho uma visão diferente de amor e falo sério!
Mas para ele, talvez, minhas cartas fossem maiores! Seriam cartas, para não rasgar… talvez seriam pateticamente românticas, talvez seriam curtas e grossas, como sou às vezes, ou melhor, quase sempre…



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