Houston, we have a problem!

Nesses dias olhei Apollo 18, um filme novo aí que relata o Programa Apollo  de um jeito no mínimo… estranho. Mas enfim, acabei de lembrando de Apollo 13. Nossa, que saudade! Além de eu ser uma fãzinha incurável de projetos espaciais (principalmente do Apollo), e ainda por cima fazerem um filme tremendamente emocionante sobre, o meu amado Tom Hanks está no elenco.
Depois que eu assisti a esse filme (há muuuuito tempo atrás), fui procurar saber da verdade verdadeira. Li o livro do Lovell (um dia falo dele aqui), li a transcription das fitas de todos os 6 dias que eles passaram no espaço, comprei o filme, olhei o documentário, pesquisei as revistas da época e tudo mais, e passei a admirar essa gente toda por tudo o que passaram.
A partir daí passaram a ser minha tripulação favorita do Programa Apollo, pois foram mais triunfantes do que os que realmente conseguiram pisar na lua: Lutaram pela vida!
Isso aqui não é uma resenha do filme. Muito porque, iria soar estranho, o filme é de 1995. Mesmo assim é um dos meus filmes preferidos, talvez um dos poucos que eu chorei, e o melhor de aviação e espaço que eu já assisti. E esse filme, na realidade essa história toda tem muitas (muitas mesmo) lições!
Você já se perguntou alguma vez como é o outro lado da lua?
Lovell, Haise e Swigert são as únicas três pessoas da história que sabem disso.

Então, estamos em 1970 e três astronautas são escolhidos para voar para a lua, em uma missão de desvendar Fra Mauro, uma cratera de região rochosa e danificada. São eles Jim Lovell (comandante), Fred Haise (piloto de módulo lunar) e Jack Swigert (piloto de módulo de comando). Já os EUA são o país com maior poderio no âmbito espacial e talvez essa missão seja uma das mais importantes. Desbravar o outro lado da lua…
O Apollo 13 lançou-se ao céu às 13h 13min e 13s do dia 11 de abril, acoplou-se ao módulo lunar, e tudo corria perfeitamente bem dentro dos conformes. Até que no terceiro dia, na sexta feira dia 13, logo depois de Jack agitar os tanques de oxigênio, um barulho junto de um tremor foi ouvido. Algo estourou danificando o oxigênio e a variação da espaçonave. Lá se foi um pedaço do módulo de serviço. Levando os três a uma verdadeira saga para salvarem suas vidas.
Por algum motivo, que a ciência deve julgar lógico e que eu julgo divino, eles não machucaram-se, a nave não explodiu por completo, e eles ainda tinham a escassa chance de voltar para casa, entretanto o sonho de pisar na Lua morreu ali, frustrando os três astronautas.
Nós viemos passear aqui na Lua, mas não dá pra pousar. Vamos voltar para casa então?
Que simples seria…

Primeiro: já é bastante complicado você se encontrar em uma situação crítica aqui na Terra. Imagine estar a 130 mil quilômetros da Terra? Ou você quer viver, ou você quer viver! E vejam meus caros, que eles não desistiram de qualquer coisa. Eles tiveram que desistir da Lua.
A Lua era o sonho de Lovell desde que entrou para a NASA, e quando ele se dá conta de que não vão estar lá, de que o sonho acabou ele simplesmente larga um: “perdemos a Lua!” aos colegas. Inclusive, o nome do livro dele é Lost Moon: The Perilous Voyage of Apollo 13. Ele deu entrevistas dizendo que tinha chorado muito, e ficado triste demais depois. Eu o entendo.
Véi, se eu um dia perder as mãos, perder a oportunidade de escrever, ser impedida disso acho que morro. Nunca é fácil desistir de um sonho, de algo que amamos muito, que queremos muito. Afinal, somos todos egoístas. Mas um dia, a provação chega e você precisa decidir se quer viver, se quer continuar, ou se quer morrer e se doar por algo ou alguém que ame. Os meninos escolheram viver. Lovell é um grande astronauta mesmo!

Segundo: logo que acontece a explosão na nave, a gurizada não sabe bem o que está acontecendo. Portanto, se mostram tranqüilos e até mesmo frios, sem pânico ou desespero. Afinal, são astronautas. Homens acostumados a deixar o medo em Terra! Corajosos, heróicos, eles tinham o sangue frio mesmo e a desenvoltura necessária e por isso resistiram. Por serem homens machos mesmo. Freddo quase convulsionou de febre, mas quando questionado por Lovell disse que agüentaria quanto tempo fosse necessário. Eram fortes e destemidos, e passaram no teste. Eu admiro demais esses caras!

Terceiro: Não fizeram festa! Claro que eles ficaram felizes por retornarem para casa, mas não comemoraram. Afinal, perderam a Lua. Estamos falando de um sonho de anos, que normalmente se leva a vida toda estudando para conseguir. Eles voltaram frustrados. Autenticidade a deles! Felizes estamos por voltar para casa, mas não precisamos fazer um churrasco para comemorar. Sensatez a deles! Não é só porque ficaram mais famosos do que os que realmente pisaram na lua, tiveram uma história emocionante, viraram astros da TV que estariam de risinhos. Adoro isso nas pessoas.

Quarto: Houston, we have a problem! A primeira coisa que eles fizeram foi admitir. Pô, nós estamos encrencados, e temos problemas. A segunda foi imediatamente contatar a base em Houston. Só essas duas atitudes são mais do que suficientes para pensar… quantas vezes já enfrentamos uma crise, nos metemos em encrencas e permanecemos amuados tentando resolver tudo sozinho, muitas vezes, por orgulho bobo querendo se mostrar auto suficiente.
Na hora de um problema a melhor coisa é admitirmos que precisamos de ajuda, admitirmos que muitas vezes sozinhos não conseguimos. Deixar o orgulho de lado e poder dizer, eu tenho um problema aqui!
Imaginem os guris do Apollo 13 dizendo entre eles: “meu! Que problemão, nas nem vamos falar nada; combinado?” Imaginem a equipe da terra fazendo contato com eles: “como estão as coisas aí? vocês vão concluir a missão?” E eles no cúmulo do orgulho respondessem: “melhor impossível, se melhorar vira festa… quanto à missão, nem se preocupem. ESTÁ TUDO SOBRE CONTROLE!”
Eles morreriam asfixiados, a nave toda explodiria no espaço. Por vergonha, por orgulho… muitos de nós fazemos isso o tempo todo.
Todos da Apollo Thirteen voltaram para casa, vivos! Porque reconheceram a crise, pediram auxílio. Foram homens o suficiente para desistirem da lua, olharem para frente e dizerem: Estamos fodidos, precisamos de ajuda!

Falhar não é uma opção – Diz Gene Kranz, o diretor da missão que coordenou tudo direitinho daqui da Terra. Afinal, a vida de três astronautas estava em risco. Posso ver um sentido nisso tudo, usar essa frase é recomendável para qualquer situação difícil da sua vida. Falhar realmente não é uma opção, tente se ater a isso sempre, não se permita falhar, não se permita correr o risco de morrer no espaço. Nós como seres humanos, devemos ser exigentes conosco mesmos, devemos nos criticar muitas vezes, se orgulhar outras, devemos nos conhecer e não nos permitir falhar.

Não era qualquer probleminha: Quem lê pensa que foi fácil. Explodiu um pedaço da nave e eles só tiveram que voltar. Não! Eles voltaram na ameaça de morrerem por inúmeros motivos.
Desligaram toda a energia do Módulo de Comando (Odissey) para que este tivesse energia suficiente para reentrar na terra, isso fez da viagem de volta, um inverno intenso.
O Módulo Lunar (Aquarius), onde eles navegavam, suportava dois homens por dois dias. Ali estava suportando três por quatro dias.
O oxigênio estava vazando, um dos tanques explodiu, outro danificou-se. Sim, eles corriam o risco de ficar sem ar. E pior, poderiam ter morrido intoxicados com o próprio ar carbônico que saía dos pulmões. Este ar é fatal no espaço.
A água era escassa. Eles bebiam meio copo por dia, pois precisavam de água suficiente para refrigerar a nave. Sem contar que, uma goteira criou-se no módulo lunar. Quanta sorte!
Com o Módulo de Comando apagado, tiveram que corrigir rota de volta mais de quatro vezes. Sem falar que, as estrelas estavam inacessíveis pela quantidade de destroços expelidos pela nave anteriormente. Tiveram que mirar no sol, a única estrela acessível.
Com a nave totalmente avariada, era impossível saber se eles realmente retornariam em segurança. Com a explosão, a blindagem poderia estar fraca, e eles poderiam sim morrer torrados pela atmosfera terrestre, ou simplesmente espatifarem-se na Terra.
Passar por todos esses problemas, com uma porcentagem mínima de volta, só faz pensar que esses caras merecem respeito. Não só os tripulantes, mas o pessoal que trabalhou aqui na Terra. Como disse Gene Kranz, este foi o maior triunfo da NASA.


“Farewell Aquarius, and we thank you!” – Frase do Lovell assim que ejetaram o Aquarius para entrar na Terra. Uma das únicas vezes que se pôde ouvir emoção na voz dele.

P.s 1: O Programa Apollo é o nome de uma série de missões espaciais, destinadas à lua, e as reações terrestres dentro e fora da órbita. Apollo é o nome da nave, que saía da terra com os poderosos foguetes Saturno V.
P.s 2: Apollo 13 fez um puta sucesso nos cinemas, e eu recomendo o filme é MUITO emocionante.
P.s 3: O que está na transcription é um pouquinho diferente do que foi eternizado. Na realidade, o que aconteceu foi que Jack disse: “I believe we’ve had a problem here!” e quando Houston pediu a repetição, Lovell respondeu: “Houston, we’ve had a problem. We had a MAIN B BUS UNDERVOLT” confirmando que eles tinham um problema aparentemente de voltagem, e que estavam muito encrencados.
P.s 4: Módulo de Comando é a cabina em que ficam os astronautas nas naves Apollo. O Módulo de Serviço é acoplado a esse Módulo de Comando, mas é dispensado ainda no espaço em todas as missões. O Módulo Lunar é a base que se estabelece na lua, e que é descartada também. A única peça que reentra a atmosfera terrestre é o Módulo de Comando. Na situação do Apollo 13, tiveram de usar o Módulo Lunar, até o último momento, o descartando apenas em minutos de entrar na Terra.

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