a letter to you

Meu amor,

Escrevo-te cartas de amor, para que tu as possas ler antes de ires dormir.
Não me leves a mal pela quantidade de palavras, insignificantes para o teu coração, que eu conjugo, nem leves a mal pela quantidade de linhas que fazem a tua mente baralhar-se - simplesmente tenho que escrever.
Não sei se as lê, as cartas, nem nunca te vou pôr na posição de me contares se sim ou se não, mas gosto de acreditar que sim. Gosto de acreditar que as lê, porque saber que o fazes, faz-me continuar a escrever-te e escrever-te muitas mais. Em vão, quase, porque para além de não receber umas frases que, apesar de simpáticas, estariam cheias de repulsa e desilusão como resposta, muito provavelmente, nenhuma destas palavras te faz o coração arder.
O que me leva a acreditar e quase concluir que não há química entre o meu coração e o teu. Se não há química que consiga colidir-nos, também não há combustão entre o álcool e o fogo, - e já reparaste como estúpido isso soa? - logo, se não fomos feitos um para o outro, meu amor, também não fomos feito para caminhar sobre os pés, nem sonhar entre a noite e o dia, pois não há nada de lógico no facto de isso acontecer e, no entanto, acontece.
Tudo isto, significa que podemos criar a química, podemos fazê-la nascer por entre o nosso amor. E podemos fazer o amor nascer do veneno que te envio juntamente com as minhas cartas. Veneno esse que exige tanto de mim como de ti para poder fazer qualquer tipo de efeito sobre nós.
E envio-te, também com esta carta, todo o tempo do mundo, para que possas pensar e ler e reler os meus sentimentos, que tão desesperadamente tento transpor para o papel. Dou-te o tempo, porque não vou a lado nenhum, mesmo que vá, e tu também não vais a lado nenhum, mesmo que vás. Tu habitas no meu coração, desde que te vi até que te esqueça. E eu, se tal como dizem e a nossa casa é onde o nosso coração está, então eu vou viver sempre onde tu estás, porque quem tem o meu coração és tu.
E agora, prometo-te, meu amor, que é esta a última carta que enviarei, pois assim sentirás falta de me ler e talvez me escrevas, quando a saudade apertar.
Continuarei aqui à tua espera, como sempre, amar-te-ei como se não houvesse amanhã, mas tal como eu preciso de uma resposta, o coração que tenho entre mãos também precisa. E já foram muitas as cartas que eu recebi, quase tantas quantas enviei para ti, e sem nenhuma resposta. E, talvez agora que eu encontrei um coração para acolher, tu acolhas o meu. Mas não despedaces nenhum para o fazeres, pois eu não quero responder a uma carta de amor para depois enviar uma carta de dor. Diz-me então, rapidamente, se me vais amar quase tanto quanto eu te amo a ti, e se vais fazer da minha alma o teu sorriso, e do meu corpo o teu prazer, e do meu coração a tua casa. Mas diz-me, meu amor, porque a mágoa arde, e as feridas saram, mas deixam cicatrizes. E as cicatrizes são feias num coração desprezado, nunca portador do amor do tamanho do mundo, pela pessoa que se ama.
Assim me despeço, então, sem mais demoras. Unicamente com um seco amo-te, e não com a longa e habitual descrição do que o meu coração grita. É que, se lês as minhas cartas, sabes que já defini o quanto te amo e o quanto o verbo amar significa para mim. Vai ler essas cartas, logo a seguir a esta. E todas as cartas que já recebeste vindas de mim. E, se decidires não responder, recorda-te de mim como a pessoa que, tal como Julieta, tomou o veneno mortal para morrer com o seu amor. E depois destas inúmeras palavras pergunto: não me beijarias os lábios para tomar o nosso veneno?
Amo-te. Outra vez, e outra vez.


P.s: Não entreguei essa carta a quem deveria ler, mas se alguém tiver a coragem que eu não tive, pode pegar emprestado, Q'

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