Mais de mim


A minha vida se desfigura lentamente, e o tempo todo, mas de uma forma positiva. Há um tempo eu conseguia manter certo controle sobre algumas coisas, fingia que tudo ia bem, guardava rancores e destilava alegria. Mas a nebulosidade desapareceu e agora consigo visualizar diversas pessoas, sob diversas formas, de vários aspectos, e entender a minha desforma. As lições que tenho aprendido: ainda tenho muitas lições a aprender a meu respeito.

Eu garanto que minha cara não é malevolência. Eu posso parecer rebelde, mas não sou. Apenas exijo a honestidade. Tenho sangue revolucionário, mas não participo de movimentos. A mais valente contradição é que admito que tenho preguiça disso. Ok, sou preguiçosa até mesmo com aquilo que me convém. Sabendo que coisa boa não é, eu não mudo porque não consigo, porque querer, até quero.
Eu sou desapegada. Sim, minha necessidade de desapego se afina com a necessidade de apego alheia. É isso o que rola! Apesar de que, meu coração mesmo sendo uma rocha seca de pó e areia, contrapõe o que eu quero vez e outra. Ah, eu também sinto. Apesar da minha frieza e vilania, sei amar também. E de verdade, eu preferia não saber. No entanto, aprendi a amar menos. O que foi uma pena! E aprendi a ser mais cínica com a vida, que também foi uma pena. Mas necessário. Viver sempre boba e perdida teria sido fatal!
Fiz um juramento de viver de solidão, de não atar minhas mãos a ninguém, contudo, vem sentimento toda hora me pedindo para repassar meus passos. Pra refazer minhas escolhas! E como? Como que eu peço pra minha vida começar de novo e me dá coisas das quais eu me neguei. Desculpa, sou infame mesmo, tenho um pensamento ignorante sobre algumas coisas, uma delas é que eu nasci de uma forma e morrerei tragicamente. Se é verdade eu não sei, faz tempo que parei de me preocupar com a verdade, o que me fizer bem, está ótimo!
Meu prazer só se amplia até tocar meu ego. Ninguém sabe nada sobre o que penso e com certeza ninguém está pronto para lidar com tudo de mim. Mas apesar de incerta, acerto às vezes e minha linha reta, apesar de tênue, existe.
Sou contraditória, desistente e chata. Muito chata! Exijo perfeição com as coisas que faço. Sempre fui assim, e morrerei assim. Por isso, tanto trabalho e dor de cabeça com coisas simples, que me envelheceram e me deixaram rabugenta. Eu sou rabugenta! Tenho distúrbios hormonais e me queixo deles, naturalmente.
Amadureço a cada dia. E, ainda que, eu seja estressada, e irritável posso ser divertida e interessante. Armo idéias o tempo todo, e gosto de ajudar, ser útil. Apesar de não me importar com o que pensam, eu ainda vivo de acordo com a sociedade - se é que temos uma –, mas não porque sou obrigada, mas porque vivo sem notar. Então…
Quando amo algo ou alguém, amo mesmo. Sobressai de mim e pinga por aí. Quantos pedaços meus estão pelo chão no momento? Odeio perder coisas ou pessoas! Odeio perder! Eu sou orgulhosa e venenosa. Sou víbora também. Mas, mesmo meio Medusa, tenho interesse passional na maioria das coisas.
O que faz de mim o que sou? A escrita. Eu amo escrever e escrevo muito. É o que me faz viva, e me conduz. Escrever liberta, ajuda a organizar pensamentos, sentimentos frustrações. Eu escrevo muito! Minha paixão pela literatura não tem tamanho, nem início e que dirá um fim. Morrerei com isso, com todas as certezas!
Eu sou uma pessoa completamente ligada a laços. Distante, sim. Mas eu tenho afeição tamanha por quem amo, e me prendo – mesmo que de longe -, a estas pessoas. Gosto das pessoas que gostam de mim como sou e que me suportam. Odeio interesse que alguns têm por mim. Superficial. Quando não tem sentimento, qualquer tentativa ao meu respeito é fracassada.
Eu sou estranha e sei que sou. Não consigo gostar das músicas de hoje em dia, muito menos dos costumes de hoje em dia. Tenho um sonho ímprobo de reencarnar na Antiga Grécia, ser um homem de preferência, e encontrar um belo mortal grego para casar comigo. Que tenha cabelos encaracolados, longos e que seja jovem, um rapaz de 30 anos menos que eu… sim, sou estranha.
Vida monótona e calma para mim não é enjoativa. Eu ainda acho interessante o antigo, o passado, o longe. Ouço as mesmas músicas de sempre, visto as mesmas roupas de sempre. Eu não me reciclo e não vejo necessidade disso. Acho que posso ser brega ou cafona, mas eu prefiro mesmo ser assim.
Odeio quando ofendem meus ídolos, e não admito isso na minha frente. Egoísta ou não, eu sou pobre em segurar o ego. Mesmo sendo autodestrutiva, eu me dou muito valor, talvez mais do que deveria. Ainda que eu aja como palhaça, às vezes…
Se eu mudaria? Não, nunca! Eu gosto de me escrever, como um conto do qual eu ainda não sei nem o prólogo. Em mim é tudo muito indisciplinado e quem sou eu para saber alguma coisa sobre mim?

5 comentários:

  1. Não conseguiria criar uma biografia melhor, nem se tentasse. Muito bom conhecer você um pouco mais. ^^

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  2. Linda biografia. Não conseguiria me definir com tanta graça como você fez. Adorei poder te conhecer um pouco mais. ^^

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  3. Não gostei, pq me identifiquei muito!

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  4. >> Aprendi a amar menos << Somos Duas.
    Tudo pra mim não passa de atração.

    >> Sou assexuada << Me falaram que depois da primeira transa.
    Eu não conseguiria viver sem sexo, GRANDE MENTIRA. Não vou
    negar, as vezes dá vontade mais não é uma coisa de necessidade.


    Eu sou estranha e sei que sou. Você não é a única. o/

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  5. Nossa. Que maravilha. Eu achei foda! Alguns trechos que me definem: "Eu posso parecer rebelde, mas não sou. Apenas exijo a honestidade. Tenho sangue revolucionário, mas não participo de movimentos". "Eu sou desapegada". "Viver sempre boba e perdida teria sido fatal!". "Exijo perfeição com as coisas que faço. Sempre fui assim, e morrerei assim". "E, ainda que, eu seja estressada, e irritável posso ser divertida e interessante". "Quando amo algo ou alguém, amo mesmo". "Eu sou apaixonada por literatura homossexual masculina.". "Se eu mudaria? Não, nunca". Eu quero ler esse seu "Ensaio"!!!!

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Bonjour!
Que felicidade em te ver por aqui :) Só não seja homofóbico, racista, machista ou preconceituoso. Seja amável, e eu irei te amar também. Deixe o endereço de seu site para que eu possa retribuir a visita. Au revoir ~