solidão & cia.

Não é possível ficar indiferente à grandeza do mar, à sua imensidão incalculável, ao barulho das ondas quando se encaminham para a costa e se perdem na areia.
Perdido também ando eu. Mas, ao contrário das ondas, que percorrem o caminho certo, eu calcorreio em vão um percurso indeterminado, sem rumo e sem destino concreto.
Não é possível não ficar impressionado com esta beleza que me envolve carinhosamente, como os braços de um amante, e me tranquiliza.
No cimo da encosta, vêem-se habitações dispersas, que enfeitam a paisagem com a sua graça e a sua cor. Escarpa abaixo, abraçam-se a areia e as ondas, num constante e barulhento movimento, amando-se incessantemente, falando comigo, mantendo-me vivo, ainda que entorpecido pela sua magnitude.
Ao ver o que à minha frente se desenrola, sinto-me só. A esta condição aderi a minha vida toda, ainda que me camufle, a espaços, entre a presença de outras pessoas.
Contudo, parece-me que esta solidão de agora é diferente da de outros tempos; apercebo-me de que, afinal, podia estar sozinho, mas não solitário. E agora? Agora posso encontrar-me acompanhado que a solidão não é colmatada, não é preenchida; enfim, vive comigo sempre, sendo a minha companhia.
Ah! Que ironia! A solidão ser a nossa companhia. É irônico e triste!

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