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Fernando Pessoa em sua mais profunda genialidade ritmou em versos o que é mito, sem desmerecer nenhum pouco a reflexão teórica da palavra.

O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.

Quando fala-se em mito, vulgarmente falando seria algo provavelmente real. A provável verdade, ou o fato contado. Nem sempre concreto. Mesmo assim, Fernando Pessoa em suas simples palavras nos faz ver que mesmo sem fundamento algum, o mito é intenso por demonstrar as verdades reais e presentes. Muitas das semelhanças com nosso atual cotidiano e até mesmo nossas bases educacionais, religiosas, amistosas e amorosas vêm dos mitos antigos.
O termo "mito" é, por vezes, utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças comuns (consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente maravilhoso). Assim vemos, que o mito tem muito mais caráter simbólico do que puramente original. Os leigos diriam que mitos são histórias antigas, criadas a partir de crenças de determinadas civilizações. Entretanto, até mesmo fatos históricos podem transformar-se em mitos. E aí Fernando Pessoa novamente nos brinda com sua incansável sabedoria.
Saudosamente, ele compara o mito com o sol. A forma simples de saber-se real mesmo sem precisar prova ou falar como ele próprio cita no verso. Mitos e mitos, vê-se o real, o puro e o maravilhoso. Depende mesmo é da dimensão de cada um.
Fernando Pessoa sabia que sem mitos nada teríamos. E nisso podemos citar as antigas epopeias. Que são poemas épicos, normalmente heroicos narrativos extensos, uma coleção de feitos, fatos históricos, de um ou de vários indivíduos, reais, lendários ou mitológicos. Ela é responsável por eternizar lendas seculares e tradições ancestrais, preservadas ao longo dos tempos pela tradição oral ou escrita. Sendo assim baseada em elementos históricos, temos histórias como Tróia e a Odisseia.
A epopeia pertence ao gênero épico, mas embora tenha fundamentos históricos, não representa os acontecimentos com fidelidade. Geralmente reveste os acontecimentos relatados com conceitos morais e atos exemplares que funcionam como modelos de comportamento. Daí então, temos uma espécie de exemplos para a vivência. Muitas das epopeias, falam de mitos antigos assim dão uma nova visão aos aprendizes.
Também podemos citar as crenças. Estas são divididas conforme o costume de cada tribo ou civilização. São bastante ligadas a cultura e ao folclore, então nem sempre devem ser reais, ou tratar de fatos históricos. O que se têm é uma forma de continuar a moral estipulada em tal lugar ou região. Portanto, crenças são mantidas vivas através das gerações que continuam as contando. Como histórias.
Porém, em contrapartida, temos também os fatos históricos de onde as crenças utilizam muitos vigores. Destes sim, podemos afirmar que a verdade é a verdade e não há contestações. São fatos estudados e comprovados para o conhecimento geral. Inclusive com documentações. As origens do mito também partem daí.
Fernando Pessoa, aborda com simplicidade o que muitos de nós não conseguiríamos enxergar a olhos leigos. Ele, em sua alucinógena sabedoria, desencadeia o mito como as verdades nem sempre reais que nos ajudam a confirmar as verdades sempre reais. Que mitos são verdades que confirmam as realidades.

Meu primeiro livro, Ensaio, é baseado no mito de Apolo e Jacinto. Assim como meu próximo trabalho literário, provavelmente envolva Teseu ou Hiperião. Mas isso são outras histórias, outras histórias…

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