ele

Como completo hoje meus 103 anos, decidi varrer minha vida. Sabe, tirar o pó, esvaziar as gavetas, queimar os arquivos e chamar o padre para a unção final. Não por nada, mas acho que posso entrar em óbito a qualquer momento. Não por nada, mas eu não acharia ruim. Só que… eu queria falar dele. Meio que ele, é importante página no livro de minha vida. E digamos que tirando o prefácio e o epílogo, ele esteja em todos os outros capítulos, sem nem perceber. Não tem nada a ver com romance, nem jóias e Titanic, só tem a ver com ele.


Ele era breve e pouco insano, açúcar alto no sangue e depressão corrente em cada linfócito.
Ele tinha os olhos tristes também.
Ele tinha classe de vagabundo, mas quem teria moral para destratar?
Ele roubava as córneas alheias e delas fazia um coração.
Ele também tinha um coração, de vida latente, sangue pulsante e vontade eterna. Ele tinha um coração esquecido, que nunca alguém foi capaz de conhecer.
Ele era Chaplin e mais nada necessito dizer.

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