spiritus deserta



Aquelas ruas caiadas do pó que o sol derrama, e o sol queimado, a desculpar a indecência das sombras. Lembro-me do sabor do ar nas minhas pálpebras, a umidade meio cheia, meio vazia, e o bater terno do meu coração, por saber que apesar de não ser casa, marquei.
 Há algo sobre egocentrismo em mim quando debato esta fúria saudosista nos confins da minha alma, há um crescente ardor nos olhos por sentir a mortalidade dentro das entranhas, o mesmo ardor que o meu físico contesta, e que me faz tossir argumentos de que a imbecilidade é ingrata, tanto quanto a fé ou o destino.
Saber que o dia pesa mais que a noite, pela constante mutação das rotinas humanas, devassas e anárquicas, é constrangedor no sentido em que algo me tira o sono, e que isso é literalmente humano. Não o digo porém por falta de fé no humano; talvez me desgrace saber que os créditos que tenho em argumentação impugnem permanentemente as minhas fés. Mas de noite o mundo dorme, e eu no meu noto que, aparte disso, os dias são iguais às noites, quase tão orgânicas quanto as rotinas, quantos as mutações, quanto o humano.
E vou tentando demonstrar ao meu próprio corpo que não sou se não mais do mesmo; o meu mundo parte-se em esferas ridículas, em rituais recortados, e sou sugado por um mesmo rol de diários semelhantes. Sou mortal, e isso enfraquece-me a alma. Mesmo depois de todos estes capítulos semi abertos, quase fechados, os meus sonhos escalam as minhas bossas, vão sendo sonhos para além das opções, das leituras, das escrituras. Mesmo depois do fim de algo, do passado irreparável, vem a morte, e vem o leito, no qual terei de me deitar, mesmo sem ter sono.

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