Oh, sometimes the blues is just a passing bird


Fecho-me na escuridão sepultada do abandono, da morte, da não-existência. Há vulgaridade nos sonhos que tenho, pois eles não são menos nem mais que os sonhos do mundo, e dos outros. Ser-se somente arquiteto dos próprios sonhos, enclausura de certa forma a alma. Com a cabeça sufocada em camas de dossel, os limites que se põe nas paisagens que a mente cria, estilhaçam a vontade de viver do sonho, e aos poucos a vontade de velar por ele. E assim, o querer, à sua semelhança perde o sentido, e estagna no longínquo do sonho e da sonolência.

A minha veneração da vida com timidez, é também fascínio pela morte. O sonho vem somente abalar a realidade devassa, estes passos dados em redor de escadotes em circos de portas mal fechadas. Sonhar tornou-se banal, na vertigem de uma sociedade que não sabe distinguir a força do sonho, e a força do poder. Para outros sonhar é perda de tempo; ler jornais, participar em obras de caridade, filantropismo, e rituais saudáveis fazem mais sentido. E neles nada há de sonhos.

E em mim nada há mais que sonho, em tons pastel e creme dourado. Na minha própria tontura da realidade, quando acordo, sou somente a ilusão que o meu próprio sonho não realizado escolheu de mim. Só os sonhos perdidos, nunca deixam de ser sonhos.

 
I'm just a dreamer but I'm hanging on
Though I am nothing big to offer
I watch the birds, how they dive in then gone 
It's like nothing in this world's ever still... 

 

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